Já teve um sonho difícil de realizar?
A Karen já. O que ela mais queria na vida era ter um gato para chamar de seu, mas a vida sempre dava um jeito de passar uma rasteira antes desse desejo se realizar. E não foi só uma ou duas vezes, não. Foram seis. Por seis vezes ela teve um gato em suas mãos e, de repente, puf! Não teve mais.
História Real
Finalmente meu
Essa história começa com o Leo, um tipo siamês que vivia dando seus pulos na rua. A família costumava chacoalhar o saco de ração por volta das seis da tarde, barulho que o fazia disparar de volta ao lar. Até o dia em que a comida ficou no pote. Karen, tão criança, não conseguia acreditar que seu gatinho a havia abandonado. Anos depois, descobriu que tinha razão. Um dos familiares perdeu a paciência com a urina do macho não castrado marcando toda a casa. Colocou Leo no porta malas e dirigiu até que não houvesse retorno para casa. Pela primeira vez, Karen teve e não teve um gato.
A menina cresceu vendo bichanos de todas as cores, tamanhos e personalidades passando pelo quintal. Ela gostava de deixar comida e dar nome a cada um, mesmo sabendo que ninguém pertencia a ela de verdade. Mas a gata cinza, branca e doce acabou encostando alguns dias por ali. Tão Bonitinha que foi batizada assim. Um dia, a mãe da Karen chegou para buscá-la na escola em meio a lágrimas: Bonitinha havia sido atropelada. Assim, pela segunda vez, Karen teve e não teve um gato.
O trauma foi grande. Por muitos anos não houve novos animais em sua vida, até porque Karen, agora adulta, viajava muito e morava fora do país. Ela estava na Malásia no dia em que notou um miado alto e constante do lado de fora do seu apartamento, o que a fez sair com James, o namorado, em busca do resgate. Encontraram uma gata no bueiro e outra no motor de um carro. Angel, a boazinha, e Luci(fer), a atentada, ficaram sob os seus cuidados por 25 dias, quando chegou a data de retorno ao Brasil. Karen encontrou um lar permanente para as duas, fez suas malas e, pela terceira vez, teve e não teve um gato.
Tempos depois, na Itália, uma vizinha pediu socorro ao ter que voltar às pressas para seu país de origem devido a uma emergência familiar. Não foi nenhum sacrifício precisar alimentar e brincar com a Pan, a pantera preta, que acabou mudando para o seu apartamento quando a emergência familiar se complicou. Imagina ter que devolver a gata depois de quatro meses juntas? Foi de coração partido que, pela quarta vez, Karen teve e não teve um gato.
Naquele mesmo ano, durante uma caminhada, disse ao James que queria um gato de aniversário. Ela não se importava mais com as burocracias, mudanças de país, só queria realizar esse sonho e estava decidido, pronto, acabou. Cinco minutos depois, viraram a esquina e encontraram uma ninhada no meio da rua. Era coisa do universo! Karen ficou maravilhada e já saiu dando um nome para cada um. Só que os gatinhos eram selvagens – com muito custo conseguiram capturar um deles. Funghi ficou por dois dias no apartamento do casal, feroz e irritado, até que decidiram libertá-lo. Pela quinta vez, Karen teve e não teve um gato.
Em outro dia, indo para a feira, Karen escutou um miado bem baixinho. Era um gatinho perdido no cruzamento, tão pequeno que cabia na palma da sua mão, e por isso batizado de Pound Kitten (gatinho de 500g). Ela quis leva-lo embora, mas James, preocupado com seu tamanho, acreditou que seria melhor devolvê-lo a mãe. As pessoas tinham o hábito de cuidar dos gatos de rua naquela cidade italiana, oferecendo alimento e abrigo para todos que podiam. Identificaram a provável mãe pela cor da sua pelagem, deixando o gatinho com ela. Karen diz que se arrepende até hoje do dia em que, pela sexta vez, teve e não teve um gato.
“Você vai ter um gato” disse James, no dia do casamento. “Não se preocupa. Assim que possível você vai ter um”. Foi com essa promessa que os recém-casados voltaram para a Malásia, prontos para iniciar sua nova fase em um apartamento... que proibia a entrada de animais.
Que dilema. Ficou pior quando apareceu um gatinho na loja de animais que ficava ao lado do mercado. Karen parou para brincar. Ele retribuiu colocando a patinha para fora, encostando em sua mão. De repente houve uma necessidade urgente de fazer compras. Karen passou a ir no mercado dia sim, dia não, só para visitar o gato cinza que não saía da sua cabeça. James a incentivou, deixando de lado a proibição do condomínio. Colocou na cabeça da esposa que seu gato estava esperando, e ela precisava ir buscá-lo. E assim ela o fez.
Sebastian não é muito chegado em toques, mas gosta de estar sempre por perto. É a sombra da Karen. Fica na cadeira ao lado enquanto ela dá aulas de inglês e no encosto do sofá durante a leitura de um livro. Gosta de dormir no meio da cama de casal, mas as vezes prefere a mesinha de cabeceira (nesse caso, o rabo faz a vez de despertador). Basti ama seguir sua rotina, mas também sabe conviver com os desafios. Para acostumá-lo aos diferentes estímulos das viagens e mudanças de país, Karen o leva para passear na cestinha desde cedo, algo que ele aprendeu a adorar.
E nem precisa se preocupar: neste mês já se completam dois anos que estão juntos. Nada mais é capaz de separar essa conexão. Dizem que sete é um número místico. Pelo menos nessa história, foi o que trouxe sorte. Sete vidas até encontrar o final feliz. Agora, pela primeira vez, Karen tem seu gato.
“Tenho a promessa de que nunca vou abandoná-lo, especialmente depois do que aconteceu com o primeiro gato. Independente do que aconteça, não importa onde vá, ou o que eu faça, não existe opção. Como a história do Lilo e Stich, “Ohana significa família”. E família não é deixada para trás. É uma conexão muito forte, muito especial.”
Aviso importante
Essa newsletter vai hibernar a partir do dia 16/04
E isso não é uma piada de 01/04 😢
Ô, gente. Como é difícil dar essa notícia. Mas preciso ser honesta com vocês: não estou dando conta. O lançamento do livro infantil, as duas newsletters e o romance, somados a alguns projetos da vida pessoal, resultaram em um peso difícil de carregar. Enrolei o tanto que pude, até uma gripe forte no meio de março me deixar de cama e finalmente me obrigar a rever algumas prioridades.
A Pet Letters é, hoje, meu projeto menos pessoal e o que mais demanda tempo. Por esse motivo, escolhi pausá-lo por tempo indeterminado. Mas, calma. Prestou atenção na escolha das palavras? Não descarto a possibilidade de retomar em breve, assim que a poeira baixar (meu esposo sugeriu a ideia de fazer “temporadas”, o que eu achei excelente). Não sumam. Até porque ainda temos mais uma edição no dia 16/04. :)
A Marinando, minha segunda newsletter, continua chegando na sua caixa de entrada quinzenalmente. E o Clay esgotou a primeira tiragem! Dá pra acreditar?! Entramos nos últimos dias de pré-venda, e você ainda pode adquirir um exemplar com preço promocional clicando aqui. Também publico uns reels legais no Instagram de vez em quando (mas, cá entre nós, gosto mil vezes mais desse cantinho da internet que fica aqui no Substack).
Fico por aqui, antes que eu comece a chorar hahaha. Sem clima triste na Pet Letters, hein? Pelo contrário: meu sentimento com essa newsletter é de um amor imenso. Só tenho a agradecer. Sempre.
📽️Vídeo da edição
O que esse cachorro aprendeu convivendo com um gato. ♥️
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Gostou de conhecer a
? Ela é dona de uma das minhas newsletters preferidas por aqui: English From Brasil. Além de sempre abrir a edição com um causo legal, a Karen sempre deixa dicas ótimas para praticar o inglês.
Pet Letters é a newsletter de histórias de amor entre tutores e pets, dicas veterinárias e curiosidades do mundo animal.
Escrita por Marina Cyrino Leonel
Médica veterinária que trocou os atendimentos pelas palavras
Essa história mexeu com meu coração. Ninguém deveria passar por essa dor de ter um amiguinho retirado da Vida com tanta frieza .
Que bom que o final é feliz ! Vida longa para essa dupla linda 🥰
E que venham mais Pet Letters
em “ temporadas “ , a gente aguenta esperar
Sucesso com tudo o que está acontecendo por aí , Marina
Que gato perfeito!! 💜
Apoio a ideia do Pedro, temporadas de Pet Letters!!!