Carta aberta
Primeira do ano, o que cães e gatos nos ensinam sobre viver melhor e um giro pelas notícias do mundo pet
Estamos de volta
Após um longo período de férias, a newsletter mais pet friendly do Substack está de volta à sua caixa de entrada, prometendo mais um ano com os melhores gifs da internet, dicas veterinárias exclusivas, vídeos divertidos e, é claro, as tão esperadas histórias de amor entre tutores e pets.
Para a primeira edição do ano, no entanto, essa autora gostaria de fazer um formato um pouquinho diferente. Nossa casa tem crescido bastante (uhul!), e eu mal tive tempo de me apresentar aos novos inscritos que chegaram nos últimos meses. Por isso, na sessão da “História Real”, decidi compartilhar uma carta. Uma carta que dediquei à…
Ilustríssima Senhora Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária,
Enviei o pedido de cancelamento da minha inscrição ao seu Conselho. Foi estranho. Tive dificuldade para preencher o campo “motivo” - como é que cabe uma transição de carreira em 300 caracteres? - então publico essa carta aberta à senhora (e a quem mais possa interessar).
Nasci sabendo que gostava de animais. É verdade. A primeira palavra que eu disse para o descontentamento da minha mãe foi o nome da cachorra. Até hoje sou aquele tipo chato de visita que mal chega na casa da pessoa e já vai sentando no chão, procurando uma bolinha para jogar. Ninguém se espantou quando disse que queria prestar Medicina Veterinária. Tinha certeza que meu amor era o suficiente para exercer a profissão. Pois é… Não foi.
A senhora nem imagina o nervoso que eu passava. Vivia chorando escondido. Às vezes perdia o sono, encolhida de pavor no meio das cobertas, só de pensar na possibilidade de prescrever um tratamento errado para algum paciente. E não diga que não insisti, viu? Me afastei da clínica, tentei seguir carreira acadêmica e até empreender. Mas ainda não estava feliz. Já teve a sensação de estar no lugar errado? De viver uma vida que não é sua?
Acontece que eu gosto muito de escrever. Eu sei, eu sei, não precisa disfarçar. É uma surpresa, mesmo. Ninguém sabia disso. Eu mesma quase esqueci! Isso porque a escrita criativa foi cortada da minha vida bem na hora de prestar vestibular. Não é irônico? Uma das minhas melhores habilidades foi encaixotada justo quando me mandaram escolher o que eu queria ser quando crescer.
Ainda bem que a gente pode mudar. Errar. Olhar para dentro e recalcular a rota. Não é fácil, não, mas é possível. Segurei na mão do medo e da coragem e contei pra todo mundo que agora eu sou muito escritora, sim, é isso aí. Nem venha me falar que ninguém nesse país acredita que a Arte é uma profissão de verdade. Sabe que até tem dado certo? Inclusive, esse ano vou publicar o meu primeiro livro, um infantil - e a história tem tudo a ver com o que estou contando nessa carta.
Mas o meu primeiro projeto como escritora, a senhora não adivinha qual foi. Tá sentada? Criei uma newsletter, imagine só, sobre pets! Juntei dois grandes amores em uma coisa só. Não é genial? Tutores de todos os lugares me contam histórias para que eu escreva sobre elas. Tem cada preciosidade, tanta riqueza nesses relatos… acredita que alguns leitores até choram? Como poderia ser diferente? A senhora sabe tão bem quanto eu que nada, nada mesmo, pode ser comparado ao laço de um tutor com o seu pet.
Então, Ilustríssima Senhora Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária, eu prometo que não exercerei mais quaisquer atividades inerentes à profissão, assim como assinei no documento. Mas continuarei escrevendo histórias de amor entre tutores e pets, porque, finalmente, encontrei o meu lugar no mundo.
E, se tudo bem para a senhora, continuarei dizendo que sou formada em medicina veterinária. Sou muito grata a tudo que aprendi com essa profissão tão linda, que também faz parte de quem eu sou. Ninguém precisa ser uma coisa só, né? Essa sou eu: bacharel em veterinária, escritora, autora de newsletters, de um livro infantil (e, em breve, de um romance), cantora profissional de chuveiro, fotógrafa de iPhone, pianista, especialista em desenhos da Disney e, acima de tudo, uma eterna defensora de histórias que aquecem corações.
Atenciosamente,
Marina
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Essa newsletter existe graças à generosidade de tutores que compartilham o amor que sentem pelos seus pets. Por isso, eu preciso da sua ajuda para continuar emocionando cada vez mais leitores e, assim, manter a Pet Letters viva.
O convite vale para você que tem (ou teve) um cão, gato, hamster, passarinho, porquinho da índia, tartaruga, cavalo, cobra, porco… só não pode aranha (tenho medo). Venha construir esse ano junto comigo! É só dar um alô através desse formulário e aguardar o meu contato. ☺️
Dica do Vet
Cães e gatos te ensinam a viver melhor e você nem percebe
A vida costuma nos dar respostas simples e que ficam bem debaixo do nosso nariz, mas, na maioria das vezes, estamos ocupados demais seguindo as dicas dos coaches da internet, investindo em planners elaborados, assistindo a cursos na Hotmart, pagando caro em super bebidas de café…
Na primeira edição do ano, a Dica do Vet é um convite para você: pare. Olhe à sua volta. Preste atenção no quanto o comportamento dos pets tem para te inspirar em 2025:
Ficar sem fazer nada. Achei pesadíssima a palavra do ano de 2024: Brain rot. A deterioração mental devido ao consumo excessivo de conteúdo supérfluo das redes sociais. Desaprendemos a ter tédio. Não sabemos ficar sem fazer nada. Enquanto isso, os gatos têm essa habilidade gravada no código genético. Felinos caçam, comem e poupam energia. Na ausência de qualquer necessidade imediata, eles simplesmente relaxam, tiram sonecas e contemplam o ambiente. Simples assim.
Estabelecer limites. Especialistas em comportamento animal podem fazer verdadeiros milagres através do adestramento, mas eles sempre respeitam o ritmo e a personalidade do pet acima de tudo. Tem cães que não gostam de conviver com outros cães. Alguns gatos detestam que peguem na barriga. “Não” é “não”, e tudo certo.
Seguir os instintos. Todo mundo sabe que os animais têm sentidos apuradíssimos, capazes de detectar desde mudanças climáticas até flutuações hormonais. Eles leem nossa linguagem corporal, notam se há a presença de medo ou ansiedade e usam esses dados para tomar decisões - sem hesitar.
Apreciar as pequenas coisas. Preferir a embalagem ao invés do brinquedo novo, se encantar com as sacolas do supermercado, deitar na luz do sol que se espreme pela fresta da janela e abanar o rabo com um simples olhar. Extraordinário, mesmo, é ser feliz no cotidiano.
Pet Letters Indica
Giro pelas notícias do mundo pet
Superdotada. Border Collie brasileira sabe o nome de 215 objetos e é estudada por pesquisadores. 🧠
Pega um lencinho, por favor? Após cinco dias de busca, vítima do incêndio em Los Angeles reencontra seu cão. 😭
Praias pet-friendly. Saiba onde seu cão pode (e não pode) curtir uma praia no litoral paulistano. 🏖️
Os cães mais educados do mundo. A jornalista Cris Berger conta aqui como foi sua experiência na Suíça. 🐕
Já que estamos falando de viagens, conheça os destinos que estão investindo pesado no turismo pet-friendly, uma forte tendência para 2025. 🧳
📽️Vídeo da edição
Nem sempre é um rato. O presente que esse gato trouxe para a dona é a coisa mais fofa que você vai ver hoje. 🌺
Mais do Substack
É oficial: tá todo mundo cansado do Instagram. Esse assunto tomou conta do Substack nas últimas semanas, e eu li uma edição melhor que a outra sobre o tema. Sugiro que você comece por essa daqui, da
, que eu fiquei remoendo por dias.Me emocionei com a história da velejadora Tamara Klink, que eu conheci através dessa edição da
- tem tudo a ver com saber apreciar as pequenas coisas.Manda mais Fernandinha que tá pouco, gente! A
fez uma edição todinha dedicada ao Globo de Ouro que está cheia de conteúdo sobre a mulher do momento.Já a
, escreveu uma crônica deliciosa que define perfeitamente bem o espírito do começo do ano e contou uma novidade muito, muito legal em sua última edição.
❤️Já conhece minha outra casa aqui no Substack? Marinando é meu espaço de crônicas e contos sobre a beleza do cotidiano. Na última edição, comecei o ano com uma história de uma das pessoas que mais me dá material para escrever: meu pai.
Até a próxima!
Pet Letters é a newsletter de histórias de amor entre tutores e pets, com dicas veterinárias e curiosidades do mundo animal.
Quinzenalmente, nas quartas-feiras às 9h.
Chegou pela primeira vez? Se inscreva para receber a próxima edição. É de graça :)
Escrita por Marina Cyrino Leonel
Médica veterinária que trocou os atendimentos pelas palavras
Que honra e alegria ser mencionada aqui no seu cafofo, Marina. Obrigada! ❤️ sempre tão ler sobre transições de carreira e alguém indo atrás de viver aquilo que se ama. Inspirador!
Que lindo Marina!!! E que honra ser indicada numa edição tão especial como essa! Parabéns por te guiar através do coração, isso é lindo (e não é fácil) ❤️😍