Tem alguém aí?
Ou vocês continuam no feriado? Não faz diferença se você é do bloquinho, do sossego ou do trabalho: aqui tem uma história capaz de aquecer todos os tipos de corações. Seja bem-vindo à primeira Pet Letters de março 2025. Dizem que agora o ano começa pra valer.
História Real
O que não muda
Sabrina teve uma infância de, literalmente, muitas mudanças. Seus pais, que sempre moraram de aluguel, pularam de casa em casa até o dia em que compraram uma chácara em Suzano, ao lado de São Paulo. Ela costuma dizer que os três “caíram pra dentro” do barraquinho construído pelo seu pai. As tábuas de madeirite acolheram a família, os pertences pessoais e os cães que vieram a reboque: Lassy, Bethoven, Dalila, Bibow e Scooby.


Ela tinha onze anos e cinco irmãos de patas, pelos, rabos e latidos. Sua terapia diária. Era neles que encontrava refúgio sempre que enfrentava preconceitos com sua falta de visão do olho esquerdo: “os cães me ajudam a ser mais confiante”.
Em troca, a garota abraçava, beijava e dizia que os amava O DIA INTEIRO – assim mesmo, em caixa alta, como escreveu durante a nossa conversa. “Até hoje deixo meus cachorros aprontarem o que quiserem, pois a vida deles é tão curtinha... eles tem que vivenciar as melhores coisas possíveis”. Isso explica, em parte, as artes que aprontaram na mudança para Suzano.
A família foi arrumando a chácara aos poucos, cimentando umas partes aqui, pregando umas tábuas ali. No meio da bagunça, os cachorros sempre tentavam escapar. O pai da Sabrina esquentava a cabeça, usando bambu para ir cercando a chácara conforme podia. Não havia tempo de sobra. A viagem de carro até o trabalho e a escola, que ficavam nos municípios vizinhos, começava antes do sol nascer.
A nova rotina era pesada e cansativa, e a volta reservava o último desafio do dia: o morro. A estrada de terra era íngreme e sempre fazia o carro chorar antes de desembocar na rua da chácara. A mãe foi a primeira a ver que tinha algo errado, ao pregar os olhos em um vulto preto láaaa em cima, durante um final de tarde qualquer. Os três foram subindo devagar na luz fraca do crepúsculo, vendo o corpo se aproximar e se transformar em Scooby, sentadinho e sorridente, esperando os donos no cume.
Colocaram o cachorro no carro, confusos, se perguntando como tinha escapado e quanto tempo teria passado esperando ali no morro. A resposta veio quando abriram a porta do barraquinho e deram de cara com um buraco no meio do cimento. Um oferecimento da Lassy, que liderara a tentativa de fuga em massa cavando o cimento recém assentado no chão da cozinha com as próprias patas.
O buraco no cimento acabou sendo tampado. Sabrina subiu aquele morro por mais dois anos com seus pais, até que a vida a levou mais uma vez para outra casa. Mudou de endereço, de idade e, eventualmente, de cães também. Depois que os cinco irmãos da sua infância viraram saudade, novos chegaram, e outros ainda virão. Esse é seu porto seguro, e isso nunca vai mudar.
“Tive cachorro desde o meu primeiro ano de vida. Acho que por isso sou tão apaixonada. Eles me ajudam a ser mais confiante: sempre que fico triste em relação à minha deficiência (por preconceito das pessoas, olhares…) procuro conforto neles. São ótimos comprimidos calmantes para ansiedade.
Dica do Vet
Como os pets podem nos ajudar a ser mais confiantes
A primeira convidada que eu trouxe para participar da Pet Letters, quando tudo ainda era mato, foi a Drª Juliana Alves, médica psiquiatra pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp): “O afeto e amor desencadeado pela interação com um pet envolvem neurotransmissores (serotonina e dopamina) e hormônios (como ocitocina), que garantem sensação de bem-estar e felicidade”
Essa newsletter ainda nem tinha saído do cueiro, mas a relação benéfica que os cães e gatos trazem à nossa saúde mental já era um tema presente por aqui. Praticamente todas as histórias trazem à tona algum comentário de como o pet ajudou a aliviar os sintomas de ansiedade, estresse ou depressão. Não à toa, os humanos estão cada vez mais atentos a essa relação.
Os programas dedicados a levar cães para as salas de aula americanas têm chamado a atenção nos últimos meses. O relato da Sabrina me lembrou o da veterinária Amy Onderdonk, que atua colocando seu Pit Bull para interagir com as crianças. Ela diz, em tradução livre: “As pessoas acham que eles são agressivos, quando na verdade são cães realmente doces. Então eu as ensino sobre estereótipos e raças de cães, consequentemente, sobre crianças e pessoas diferentes também.”
Na prática, esses programas estimulam a criança a compreender os sentimentos do cão para, em seguida, acolher os seus próprios. “Se o cão pode errar e ser capaz de fazer melhor em uma próxima tentativa, eu também posso” diz uma garota, após uma sessão de comandos de deitar e rolar. Já para uma outra aluna, vítima de bullying, foi feito uma prática personalizada para ensiná-la a analisar seus pensamentos e emoções. E tudo isso funciona ainda melhor graças à capacidade dos cães de ler as nossas emoções.
É como a Drª Juliana disse: “A habilidade dos pets em reconhecer a linguagem corporal de seus tutores promove sensação de acolhimento. Quem nunca ficou triste e viu o mais serelepe dos gatinhos vir deitar junto de você, apenas para fazer companhia? Um pet não julga seu tutor. Ele só recebe e dá amor.”
Pet Letters Indica
Meu primeiro livro :)
Abre alas para um comunicado extraordinário: MEU LIVRO INFANTIL ESTÁ CHEGANDO 🥳 e nas próximas semanas vou usar esse espaço da newsletter para falar mais sobre o meu livro de estreia!
“CLAY - Que forma você quer ser quando crescer?” é uma história que nasceu da minha transição de carreira de médica-veterinária para escritora. É um livro sobre a importância de experimentar, errar, se reinventar e, principalmente, sobre a coragem de abraçar quem você realmente é.
A pré-venda da Amazon já está logo ali na esquina: começa no dia 10/03. E se você quiser saber mais sobre o livro, o processo criativo e meus desafios como autora estreante, te convido a acompanhar de pertinho minha segunda newsletter, a Marinando. Por lá já mostrei até a capa do livro!
📽️Vídeo da edição
Impossível não se emocionar com esse Pastor Malinois ajudando um deficiente visual a usar o banheiro. ♥️
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? Ela também está por aqui, compartilhando um pedacinho da sua vida na newsletter Aleatoriedades Blog.Só quem já foi acompanhante no hospital sabe o sufoco que é. A
colocou toda essas sensações escritas na sua última crônica.Você tem caderninho de anotações? Eu tenho, e achei essas anotações aleatórias da
inspiradoras.
Até a próxima!
Pet Letters é a newsletter de histórias de amor entre tutores e pets, com dicas veterinárias e curiosidades do mundo animal.
Quinzenalmente, nas quartas-feiras às 9h.
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Escrita por Marina Cyrino Leonel
Médica veterinária que trocou os atendimentos pelas palavras
Meu Deusssss, que saudade relembrar tudo isso de uma maneira tão especial e emocionante! Você arrasou em resumir todos os 5.000 detalhes aleatórios que te contei kkkkk.
Marina, foi um prazer participar dessa edição dessa News tão querida por mim.
Além de tudo, adorei te "conhecer", e espero poder participar das edições futuras! Te desejo sucesso infinito, e estou ansiosa para saber mais sobre seu livro.
Mais uma vez, obrigada, obrigada, e obrigada!!!!
Um grande beijo. 🐶❤️
Na empresa que eu trabalho os funcionários podem levar seu cãozinho pro trabalho qualquer dia da semana e adpataram o ambiente pra ser petfriendly! sempre que tem um cachorro nas redondezas das nossas mesas, o ambiente fica mais leve e feliz