Mãe de primeira viagem
Convidada especial, calendário do filhote e Only Murders in the Building
Convidada especial
A
é minha amiga escritora e dona da newsletter Andrea Me Conta, aqui no Substack. Ela adotou um cão recentemente e propôs que fizéssemos uma troca entre newsletters: eu escreveria uma edição para ela, e ela escreveria uma para mim, contando da sua experiência como mãe de pet. Nem pensei duas vezes.Se hoje estou crescendo no Substack, é porque tive uma mãozinha da Andrea. Foi ela que me apresentou a rede e me ensinou a criar uma comunidade por aqui. Fico mais do que feliz em passar a palavra dessa edição para ela.
Chega mais, Andrea. Pode entrar que a casa é sua!
História Real
Mãe de primeira viagem
“Não preciso ter um cachorro, já tenho duas crianças pequenas para cuidar”.
Quem conviveu comigo nos últimos anos provavelmente ouviu essa frase saindo da minha boca. Sempre foi verdade. Nunca foi blasé. Quem tem filhos sabe o trabalho que dá. Imagina só colocar ainda mais um cachorro dentro do apartamento e da dinâmica familiar. É mais um para cuidar, dar de comer, entreter, dar banho, levar ao médico veterinário, ensinar, educar... Você entendeu, né?
Minha lógica sempre foi: se eu atraso a vacina dos meus filhos e deixo planta que não gosta de água morrer de sede, imagine o que aconteceria com o pobrezinho do cão.
Não, não e não, esse sempre foi o discurso. Eu sempre fui irredutível.
Mas, como diz a música, o “pra sempre” sempre acaba. O meu discurso começou a desmoronar quando o cachorro da minha irmã morreu de repente e eu me encontrei chorando como se fosse alguém da minha família. "Estou chorando por ela, que não tem filhos e o cachorro era o filho dela", me iludi. Mantive a ilusão até minha irmã resolver pegar outro cachorro e me mandar fotos e vídeos dos outros filhotes do canil.
-Pega um pra mim? – Espera aí, isso saiu mesmo da minha boca?
-Tem certeza? - perguntou a irmã, que ouviu o discurso do "não quero cachorro" por anos, à exaustão.
Sua pergunta abalou minhas estruturas. Não, não tinha certeza. As crianças imploraram, fizeram promessas, pediram de presente de aniversário, de dia das crianças e de Natal, tudo junto, por 10 anos.
- Não. Melhor não.
Mas o tempo cura tudo, até o mais irredutível dos discursos. E o cachorro marronzinho das fotos não saía da minha cabeça.
Até agora não sei como aconteceu. Tudo é um borrão na minha mente. Quando fecho os olhos, vejo apenas alguns flashes:
Eu e o marido conversando sobre o cachorro.
O marido ligando para o canil e perguntando se o irmãozinho marrom do Sakê (cachorrinho da minha irmã) ainda estava lá.
O Toddy chegando em casa num domingo de manhã, tão assustado quanto eu.
O “vem com a mamãe” escapando dos meus lábios no momento que o vi.
Desde então, Toddy mudou nossa vida. Nossa rotina. Trouxe uma tormenta para nossos céus de brigadeiro. Tirou-me do eixo. Era xixi no tapete, cocô na cozinha, as crianças colocando-o no sofá e na cama, ele subindo no aparador me fazendo correr para salvá-lo de uma queda. Eu, que nunca tive cachorro, não tinha ideia de como ensiná-lo a fazer xixi no lugar certo, dormir no lugar certo, ou do que ele precisava para viver. Como são as vacinas? Vale a pena fazer seguro? Qual caminha comprar? Já tenho que marcar veterinário? De quanto em quanto tempo vai ao veterinário?
Lembrei-me muito dos meses da minha primeira gestação, em que passei pesquisando tudo sobre bebês. Como mãe de primeira viagem, não sabia nada a respeito do universo infantil. Qual o enxoval básico? Por que tem que ter garrafa térmica no quarto? O bebê usa RN (tamanho de roupa recém-nascido) até quando? Qual a diferença entre moisés e bebê conforto? Precisa dos dois? E os carrinhos? Meu Deus, os carrinhos... Eram tantas opções e eu acabei escolhendo um que não se adaptou muito à minha vida. Paciência.
Ali estava eu. Encontrei-me novamente neste lugar, com a diferença de ter tido 9 meses para me preparar para o bebê humano e menos de 24 horas para o bebê de 4 patas. Corri para uma dessas lojas grandes de coisas de cachorro e me vi perdida entre tantas opções de absolutamente tudo. Mesmo com a lista de enxoval básico que a Marina colocou em uma das edições da Pet Letters em mãos, eu olhava para aquelas prateleiras lotadas como olhei para a Avenida Paulista ao me mudar de uma cidade pequena para São Paulo. Onde estou, meu Deus?
Mas a gente se ajeita. A tormenta passa. O céu fica lindo novamente.
Toddy trouxe um colorido a mais para os nossos dias. Trouxe a doçura do seu olhar. Ajudou a dar aos meus filhos uma responsabilidade que eles não tinham, a de cuidar de um ser vivo. Mas mais que isso, ele tem ensinado às crianças sobre o amor incondicional. E eu, tão dura nas minhas convicções, até deixo-o adormecer na minha cama antes de levá-lo para sua caminha. Exatamente como fiz com meus outros filhos.
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Dica do Vet
Calendário do filhote
É, Andrea. Ser um tutor de primeira viagem (ou até de segunda, terceira..) pode ser bastante desafiador. Por isso o mais importante é ter um médico veterinário que acompanhe o pet e dê orientação em todos os passos iniciais. Cada caso é um caso, e pode acontecer do filhote precisar de cuidados específicos (como uma alteração no protocolo vacinal, por exemplo).
Mas, de forma geral, existe um certo calendário que é seguido pelos médicos veterinários. Aqui vão as datas mais importantes para um filhote para saber quando dar banho, vacinar, vermifugar e trocar a alimentação:
Pet Letters Indica
Série: Only Murders in the Building
A recente junção das plataformas de streaming Disney e Star+ fez com que eu assistisse Only Murders in the Bulding. Fazia tempo que a série estava no meu radar, graças às ótimas avaliações que sempre chegavam aos meus ouvidos (uma delas, inclusive, da newsletter Cyne News). E os comentários não foram à toa.
A história envolve assassinatos, investigações, mistério, humor e muitos, muitos plot twists. Assim como aconteceu em Ripley, essa série também conta com alguns animais que entraram de gaiato na trama do assassinato.
Seja pela buldogue Winnie, a gata Evelyn ou pela Senhora Gambolini, o papagaio-de-cabeça-amarela boca suja que participa da segunda temporada, todos os pets são responsáveis por trazer um toque de diversão que contribui com o tom humorístico da história.
A série é viciante pra valer, daquelas que dá vontade de pular para o próximo episódio e seguir madrugada adentro. Aproveita para maratonar antes da quarta temporada, que tem previsão de estreia em agosto, no Disney +.
📽️Vídeo da edição
Quem ama educa. Mãe precisa colocar limite, né?
Até a próxima quarta
Pet Letters é a newsletter de histórias de amor entre tutores e pets, com dicas veterinárias e curiosidades do mundo animal.
Quinzenalmente, nas quartas-feiras às 9h.
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Escrita por Marina Cyrino Leonel
Médica veterinária que trocou os atendimentos pelas palavras
Amei participar dessa news e já dei print nas informações sobre vacina e vermifugação. Obrigada pela oportunidade, Ma! ♥️
Também adorei as informações, Marina, super importantes para tutoras de primeira viagem 🙋🏻♀️